quarta-feira, 3 de junho de 2009

O Senado quer casa


Atendendo ao comentário de nosso querido leitor, nesta humilde análise abordaremos o ilustre senador Sr. José Sarney, ex-presidente da República e o caso do auxílio-moradia no Senado.

É difícil eu concordar com quaisquer coisas escritas, publicadas ou até pensadas pela revista Veja, mas neste caso, a coluna do Augusto Nunes ilustra bem o que passou na cabeça de todos diante das declarações cada vez mais confusas e errôneas do senador José Sarney. Segue trecho, veja a coluna completa aqui:

“... “Peço desculpas pela informação errada que dei”, começou Sarney, que dois dias antes negara a verdade documentada. “Eu nunca pedi auxílio-moradia e, por um equívoco, a partir de 2008, segundo me informaram, estavam depositando o valor na minha conta”, avançou a procissão de vírgulas arquejantes e sujeitos indeterminados.

Nunca pediu auxílio-moradia? Nem poderia ter pedido: a boca-livre foi revogada há tempos. “Por um equívoco”, alegou Sarney. Quem se equivocou? “A partir de 2008″. A partir de que mês? Dezembro? Ou janeiro? “Segundo me informaram”. Quem informou? Quais pessoas informaram? “Estavam depositando”. Quem estava? “O valor”. O feliz depositário acha dispensável explicitar a quantia?

Na forma, a declaração não honra um imortal da Academia. No conteúdo, sugere que o político José Sarney, e é esse o lado espantoso da história, descolou-se de vez do Brasil real — e, sobretudo, da capitania que domina há 50 anos. Em 2008, a renda per capita do Maranhão ficou pouco acima de R$ 3 mil. Só com o auxílio-moradia, o morubixaba ganha a cada mês bem mais do que um maranhense comum demora um ano para juntar.

O que para Sarney é uma ninharia, incapaz de chamar-lhe a atenção quando entra na conta bancária, é para os outros o preço da vida que é possível ser vivida.”

Como raios o Sr. Sarney conseguiu equivocar-se tanto? Equivocou-se nas palavras, no tom e na forma. O que o levou a isso nunca saberemos, não seria o despreparo porque trinta anos de casa já o fizeram compreender bem como falar com a imprensa.

Acredito mesmo no erro, provavelmente ele não sabia mesmo que estava recebendo esta quantia referente ao auxílio-moradia (venhamos e convenhamos, existe tanto benefício para parlamentares que fica fácil se perder nas contas), o grande problema é: demonstrar à um país que tem por volta de 50 milhões de seus habitantes vivendo na linha da miséria (fonte Fundação GV) que pouco mais de três mil e quinhentos reais não lhe fazem diferença enquanto em seis estados do Nordeste mais de metade da população sobrevive somente com os R$78,00 (valor médio mensal do benefício) do Bolsa Família.

É preciso tomar cuidado com as palavras, elas tomam proporções que fogem ao nosso controle.

2 comentários:

Camels Zanqueta disse...

confesso q o amadorismo do sr sarney me surpreendeu!

Anônimo disse...

Pois é,sabe. Eu costumo perceber quando o salário não cai na minha conta.